Viver mais, viver melhor, é o paradigma da saúde e bem-estar das sociedades modernas. Mas já desde a Antiguidade que o Homem vem instintiva ou intuitivamente utilizando as substâncias naturais ao seu alcance para garantir e manter um bom estado de saúde.
A arqueologia trouxe à luz recentemente textos escritos há mais de 4000 anos, descrevendo as propriedades de plantas medicinais.
Hipócrates (Cós, 460 – Tessália, 377 a.C.) é considerado por muitos, uma das figuras mais marcantes da História da saúde, sendo frequentemente considerado “pai da medicina”. Foi ele que começou a direccionar os seus conhecimentos sobre a saúde no caminho científico, rejeitando completamente as superstições e mitos.
No século I d.C., o médico e botânico grego Dioscórides escreveu a obra De matéria médica onde descreve cerca de 600 plantas, 35 fármacos de origem animal e 90 de origem mineral. Já nessa época os fármacos eram constituídos principalmente por substâncias naturais.
Esta obra embora seja essencialmente de carácter empírico, não seguindo nenhum sistema médico em especial, foi utilizada como livro básico de ensinamento até ao século XVIII.
Com o advento dos filósofos pré-socráticos, também conhecidos por “naturalistas”, que investigaram a estrutura do mundo natural sem recorrer a explicações míticas ou místicas, a Medicina começou a sair da esfera da magia e a entrar no domínio da ciência no final do século VI, quando surgiram os primeiros indivíduos dedicados exclusivamente à arte da cura.
As primeiras referências históricas apontam médicos nas colónias gregas ocidentais e orientais (Magna Grécia, Cós e Chipre) e o mais famoso deles, graças ao historiador Heródoto, foi Demócedes, médico de Crotona (Magna Grécia).
A Medicina já era uma profissão respeitada, praticada em consultórios e todos os sofrimentos do corpo eram da alçada do médico, inclusive os problemas odontológicos; além de tratamentos clínicos, geralmente à base de plantas, cirurgias rudimentares já eram praticadas com relativo sucesso.
Assim, de uma forma empírica, terá evoluído o conhecimento Humano sobreos efeitos benéficos exercidos pelas substâncias naturais, mas também a tomada
de consciência de que a premissa “natural igual a seguro” nem sempre é verdadeira.
De facto os primeiros relatos do que hoje seriam chamados acontecimentos adversos remontam a 2000 AC. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir foi aprendido pela experiência, pela tentativa e erro.
Na última década e fruto do conhecimento adquirido pelos inúmeros estudos científicos publicados, tem-se assistido a uma forte expansão do consumo de suplementos alimentares e de produtos nutracêuticos constituídos por agentes bioactivos e substâncias naturais tais como vitaminas, sais minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, plantas e seus derivados, etc. Simultaneamente, tem-se vindo a verificar um aumento do consumo de
produtos à base de plantas como ingredientes alimentares ou em suplementos alimentares.
Estes produtos assumem um importante papel nos sistemas de cuidados de saúde, uma vez que permitem aos consumidores complementar o seu regime alimentar normal, exercendo um efeito nutricional e fisiológico, e portanto contribuindo para a manutenção de um bom estado de saúde. É hoje portanto inquestionável a importância e o papel dos suplementos alimentares no bem-estar e na saúde do Homem.
O recentemente galardoado com o prémio Nobel da Medicina, Professor Luc Montagnier pela descoberta em 1983 do vírus do Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV), esteve presente no nosso País no Primeiro Congresso Ibérico Anual sobre Medicina Anti-envelhecimento
e Tecnologias Biomédicas.
Em entrevista ao jornal semanário Expresso este investigador deu o exemplo das maçãs, pêras e bananas, que expostas ao ar sem casca, escurecem sofrendo um processo de oxidação, para explicar a sua teoria de que este processo de envelhecimento está directamente relacionado com o fortalecimento de bactérias existentes no nosso intestino, provocando infecções que afinal estão na origem de doenças como Alzheimer, Parkinson, diabetes e até cancro.
“Um bom sistema imunitário consegue evitar que essas bactérias entrem na circulação sanguínea, mas quando começamos a envelhecer deixamos de conseguir impedir”.
Ou seja, há uma condicionante externa e o melhor remédio é a prevenção.
“Muitas das doenças que aparecem quando envelhecemos têm um stress oxidante muito forte, que podemos prevenir com antioxidantes através da alimentação”. Esta é uma das áreas que o virulogista galardoado tem em mãos e que poderá trazer mudanças, inclusivamente no ensinamento médico.
“O meu projecto visa estabelecer parâmetros de medicina preventiva que possam ser testados, a cada seis meses, nas pessoas a partir dos 40, 50 anos. Os resultados dessas análises, ao sangue, servirão para aconselhar a mudar a alimentação e a tomar suplementos nutricionais de prescrição médica”.
Em entrevista à Revista Visão, este cientista e investigador assumiu que de facto ele próprio toma Suplementos Alimentares (antioxidantes) e que o futuro está em ir ao médico antes da doença. Referiu ainda a importância das vitaminas, nomeadamente a vitamina C, realçando que as vitaminas funcionam em conjunto nunca isoladamente. Referiu que existem outros agentes bioactivos muito importantes, como por exemplo o polifenol, presente na uva e nos frutos vermelhos.
Colocado perante a questão “Esta é uma área ainda muito contestada. Não teme pela sua credibilidade enquanto cientista”, o agora Prémio Nobel da Medicina, respondeu “Estou à frente do meu tempo, mas não estou sozinho. Todos os anos há vários encontros científicos sobre antioxidantes”.
O consumo de suplementos alimentares e de produtos nutracêuticos tornou-se hoje em dia tão popular que os consumidores passaram a utilizar estes produtos como complemento à sua dieta para a manutenção de um bom estado de saúde.
Sendo os suplementos alimentares e produtos nutracêuticos consumidos para a obtenção de um efeito positivo na saúde, compreende-se facilmente que os seus constituintes exerçam acções fisiológicas e/ou metabólicas no organismo que se podem traduzir em benefícios de saúde e/ou, nalguns casos pouco frequentes, em acontecimentos adversos.
Assim, à luz dos conhecimentos científicos sobre a actividade e mecanismos de acção dos agentes bioactivos e substâncias activas de origem natural entende-se que a eficácia destas substâncias está inevitavelmente associada à acção benéfica que estas provocam no organismo. Porém, simultaneamente nalgumas situações particulares, estas substâncias podem provocar acontecimentos adversos. Esta realidade não retira nenhuma importância a um activo de origem natural, nem à sua utilização na procura de uma melhor saúde ou bem-estar geral. Significa apenas que é necessário e importante monitorizar e controlar essa pequena percentagem de acontecimentos adversos e dar-lhe, em tempo útil, o devido e correcto acompanhamento.